sábado, 17 de novembro de 2012

Os Cristãos Diante da Morte

     No dia 2 de novembro celebramos o dia de finados e perguntamos: Como vivem os cristãos a novidade trazida por Cristo, a sua vitória sobre a morte? A está pergunta Catalamessa responde que “a morte, como a língua materna, nós aprendemos a conhecê-la vivendo, ouvindo como falam sobre ela, qual a atitude das pessoas quando ouvem nomeá-la” (CATALAMESSA, 1992, p. 25).

    Vemos que a predominância da linguagem sobre a morte foi a sapiencial e não a mistérica. Nos cantos populares, nos epitáfios, em pregações fúnebres, em tudo era citado o Eclesiastes. Nas artes, criptas sempre apareciam as caveiras denotando que a morte era vista como essencialmente a mestra da vida, o escarmento dos vícios, uma pedagoga severa (Cf. CATALAMESSA, p.1992, 28). Até mesmo os quadros dos santos traziam a caveira com essa denotação.

    Mas com o passar do tempo houve uma redescoberta e esse tipo de religiosidade passou. Para haver tal renascimento antes passou por uma época de crise. O positivismo, o marxismo, e toda uma corrente não-crente acusavam os cristãos de infidelidade a terra (Cf. CATALAMESSA, 1992, p. 31). Do mesmo modo que a ideia da morte foi aos poucos desterrada aconteceu com a ideia de eternidade. Na pregação cristã se vê pouco falar de vida eterna de esperanças escatológicas. Isto revela o quanto de desejo de vida eterna a humanidade tem.

    O mundo secular procurou banir tudo que se referia a morte, cemitérios distantes das cidades, Igrejas proibidas de tocarem sinos fúnebres. Assim pensava que poderia eliminar a morte eliminado sua lembrança.

    É preciso uma retomada e uma renovação de uma pregação cristã autentica dos Novíssimos. Salvando o que tinha de bom a espiritualidade passada e inserindo-a em um novo contexto que corresponda às necessidades da Igreja atual. Sobre isso vemos que “o rito das exéquias deve exprimir mais claramente a índole pascal da morte crista” (SC, 81).

    No Concilio Vaticano II há um grande esforço para redescobrir a visão da morte numa perceptiva pascal e mistérica. Nos prefácios e nas orações pelos falecidos há esse mesmo esforço, da vivencia da fé pascal. Portanto, aos poucos está havendo esta redescoberta da fé, vivendo profundamente o mistério a ressurreição.

    Assim, São Paulo nos oferece de modo sucinto o sentido de nossa vida, firmando uma verdade de fé crista: “De fato, nenhum de nós vive para si mesmo, e nenhum de nós morre para si mesmo. Pois, se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos a nosso Senhor” (Rm 14,7-8). Esta passagem tem um profundo significado teológico sobre a escatologia. Significa que, depois de Cristo, a contradição máxima não está entre o viver e o morrer, mas entre o viver para si e o viver para o Senhor. Para quem vive para o senhor, morte e vida são apenas duas maneiras diversas de estar com ele: primeiro no perigo, depois na segurança.

    No dia de finados celebramos também o amor de Deus. A demonstração do amor de Deus ao homem é o remédio mais eficaz contra o medo da morte. Desde que o mundo existe, não deixaram os homens de procurar remédios contra a morte. Um desses remédios é a prole: a sobrevivência nos filhos. Era o remédio principal para o crente do Antigo Testamento. Outro é a fama. “Não morrerei todo – dizia o poeta latino (Horácio) – restarão os meus escritos, a minha fama.” Outro remédio ainda, ligado à ideologia marxista, chama-se “o gênero”, ou “a espécie”: o homem passa como individuo e como pessoa, mas sobrevive no gênero humano que é imortal. Atualmente se difunde a crença num novo remédio: a reencarnação. “Os que professam essa doutrina como parte integrante de sua cultura e religião, sabem o que seja realmente a reencarnação, sabem que ela não é um remédio e um consolo, mas um castigo. Não é uma prorrogação concedida para o gozo, mas para a purificação. Reencarnar-se a alma porque ainda tem algo para expiar, e para expiar devera sofrer. De mais a mais que crueldade!” (Cf. CATALAMESSA, 1992, p. 44).

    Portanto, para tal problema do medo da morte temos apenas uma solução: demonstrar o verdadeiro rosto de Deus. Vale-nos o salmo oitavo: que é o homem, senhor, para dele te lembrares, e um filho de Adão para, para vires visitá-lo? (Sal 8). Somente Jesus Cristo é o remédio verdadeiro para a morte; e ai de nós cristãos se não o anunciamos ao mundo. Demonstrar que nem a morte nem a vida poderão separar-nos do amor de Deus que esta em Cristo Jesus nosso senhor (Cf. Rm 8,38).

Padre José Luís de Araújo Paiva

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