“Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne” (2,24).
O matrimônio é uma instituição que ultrapassa tempo e religião. Podemos afirmar que o surgimento do matrimônio coincide com a criação do homem e da mulher. Deus, ao criar o ser humano, deixou inscrito em sua natureza a dimensão relacional na diferença dos sexos: “Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1,27). Assim, o próprio Deus é o autor do matrimônio com seus bens e fins (cf. GS 48,1).
O matrimônio é a instituição mais antiga e mais querida por Deus. Deus criou todas as coisas por amor (Gn 1, 3 - 2. 3). Disse João Paulo II na Familiaris consorcio que o homem e a mulher foram criados por Deus com um amor singular e chamados ao amor e à comunhão (n. 11). Ao homem e à mulher ele confiou uma tarefa primordial: a formação da família, instituição imprescindível para a felicidade pessoal e comunitária.
No livro do Gênesis encontramos duas narrações que ressaltam a dimensão de comunhão e de fecundidade no amor. No primeiro relato (cf. Gn 1,26-30) diz que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e que o cria homem e mulher. Deus os abençoou e concedeu-lhes que fossem fecundos. Também lhes concedeu o domínio da terra com tudo o que contêm nela e que use dos seus frutos e animais para sobreviver. No segundo relato (cf. Gn 2,6.18-24) diz que Deus Criou o homem do pó da terra e que Deus e o colocou num jardim. Mas Deus viu que o homem estava só e que precisava de uma companheira que o correspondesse, que o realizasse. Deus então chama o homem para dar nome a todos os animais, mas o homem não acha uma companheira que lhe correspondesse. Deus faz o homem dormir e cria de sua costela, de seu lado, a mulher. O homem exulta quando a vê: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne” (2,23). E Deus disse: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne” (2,24). Assim, Deus chama o homem e a mulher a serem fecundos e expressar o amor de Deus por meio da sua colaboração com a perpetuação do gênero humano, os chama à comunhão entre si e à comunhão com Ele.
A partir dessas reflexões tiradas do livro do Gênesis, percebemos que está presente no matrimônio desde o princípio seus fins e propriedades essenciais. Os fins: o bem dos cônjuges e a geração e educação dos filhos. As propriedades: a unidade e a indissolubilidade (cf. CDC 1055).
O povo de Israel tinha uma visão muito positiva do matrimônio e da família (Sl 100,2; Pr 17,6; Ecl 10,17, Eclo 3,3,11; 7,25; 30,7; 32,26). Esta concepção se ligava à compreensão de Deus como Criador do ser humano “à sua imagem e semelhança” (cf. Gn 1,26). O matrimônio era entendido na mesma linha da Criação: foi abençoado. Deus viu que era bom (cf. Gn 1,31). E Cristo abençoou este matrimônio e o elevou à dignidade de sacramento (Mt 19,4-6; 1 Cor 7,10 cân 1055).
Pode-se, então, concluir que o matrimônio é uma instituição natural e boa em si mesma. Deus criou tudo do nada e em tudo está expresso o amor de Deus. Os cônjuges são chamados por Deus colaborar com seu plano de criação, gerando e educando seus filhos no amor (2Tm 3,16, Cl 3,21). Ao mesmo tempo são chamados à comunhão entre si e com Deus (1 Cor 7,14). Todo casal é chamado a viver o matrimônio acolhendo seus fins e propriedade essenciais. O bem pessoal, da família e da sociedade depende de uma vivência do matrimônio na sua integridade (GS 47).
Seminarista José Antônio Ramos
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