O ano litúrgico é a designação utilizada pela Igreja para marcar o tempo das celebrações referentes ao mistério central da fé cristã: o mistério pascal. No decorrer do ano temos quatro tempos distribuídos: o tempo do advento, o tempo do natal, o tempo comum e o tempo pascal. O mistério pascal, que compreende a paixão, morte e ressurreição de Jesus, é assim vivido durante o ano todo, culminando na semana santa e de forma singular no tríduo pascal: sexta (paixão e morte), sábado (sepultura) e domingo (ressurreição). O mistério pascal é celebrado durante 50 dias até à solenidade do domingo de pentecostes.
O ano litúrgico começa com o Advento. Este inicia depois da celebração do domingo do Cristo Rei do Universo que é o último domingo do tempo comum. Nas primeiras semanas, o advento aponta mais para o “fim dos tempos”; depois, principalmente a partir de 17 de dezembro aponta mais para o começo: o nascimento de Jesus. Assim, depois de celebrar o Advento, tempo de espera do Salvador, celebramos o nascimento de Jesus, O Salvador, no dia 25 de dezembro.
“Advento” significa “a vinda de Jesus”. No Antigo Testamento este dia é chamado como “dia do Senhor”, no qual Ele iria realizar as suas promessas (Gn 50, 24; Jr 29, 10), castigar e assegurar a salvação (Am 3,2; Os 4,9; Is 10,3) ou visitar no fim dos tempos (Sb 3,7; Ecl 3,14). Os principais profetas do Advento são Isaías e João Batista. No Novo Testamento o “Advento” é a “vinda de Jesus” para realizar a promessa de salvação. Desde do séc. IV d.C. (depois de Cristo) o Advento era celebrado em vários lugares do mundo. Eles interpretavam a ressurreição como o Advento de Cristo, a vitória sobre o mal.
A vivência autêntica do advento é muito importante para também viver de forma real e verdadeira o mistério pascal. O advento tem que nos levar a preparar bem para a experiência em nossa vida de um acontecimento que é definitivo: a vinda de Jesus para a nossa salvação. É importante participar bem das celebrações, mas também realizar uma mudança da vida.
A história da coroa do Advento é misteriosa. Sua origem mais antiga está ligada aos ritos pagãos. Depois surge relacionada a objetivos pedagógicos e catequéticos no Séc. IX em Amburgo (Alemanha). Foi usada pela primeira vez na Igreja Católica em 1925; em 1935 começou o costume de benze-la. Grande é sua difusão hoje no Brasil. O sentido da coroa é anunciar a chegada do Natal, suscitar a oração em comum, mostrar que Jesus é a verdadeira luz, o Deus da Vida que nasce para a vida do mundo.
O Simbolismo da coroa do Avento mostra forte apelo ao compromisso social. O Círculo é o símbolo da eternidade, da unidade, do tempo que não tem início nem fim, de Cristo, Senhor do tempo e da história; indica o Sol no seu ciclo anual, sua plenitude sem jamais se esgotar, gerando vida; para os cristãos este sol é símbolo de Cristo. A coroa é símbolo de vitória. Os ramos verdes são sinais de persistência, de esperança, de imortalidade, de vitória sobre a morte (as plantas geralmente usadas não perdem as folhas no inverno). As velas no início eram importantes pela luz. As quatro cores representadas hoje indicam as quatro semanas do tempo do Advento, as quatro fases da História da Salvação, preparando a vinda do Salvador (o tempo da criação, de Adão e Eva até Noé; o tempo dos patriarcas; o tempo dos reis e o tempo dos profetas; por fim a vinda de Cristo), os quatro pontos cardeais, a Cruz de Cristo, O Sol da salvação, que ilumina o mundo envolto em trevas. Acender as velas progressivamente significa a progressiva aproximação do Nascimento de Jesus, a progressiva vitória da luz sobre as trevas.
Assim, vivendo bem o tempo do Advento, nós cristãos preparamos de verdade para o Natal do Senhor. Natal é o nascimento de Jesus, mas infelizmente parece que foi transformado em uma ficção de papai Noel. O presente maior que podemos dar a alguém é uma vida de mais amor, compreensão, partilha e não um bem material. Podemos sim presentear uma pessoa querida, mas principalmente presenteá-la com Jesus em nosso coração. O próprio Jesus nos deu o maior presente a sua própria vida para nos salvar, porque também nós não podemos dar nossa vida a Jesus e ao próximo? Natal é tempo de Alegria, pois sabemos que Jesus nasceu e com Ele chegou a vitória sobre o pecado. Natal não é comércio, mas um tempo litúrgico dos cristãos e somente os cristãos sabem vivê-lo de verdade porque preparam para ele vivendo bem o tempo do Advento. Outras pessoas se preparam colocando árvores de natal e presépios nas lojas e em suas casas fora do tempo certo. A árvore de Natal e o presépio são símbolos cristãos e não de comércio: utilizemos bem e corretamente estes símbolos.
Seminarista José Antônio Ramos
do 4º ano de teologia do Seminário Maior
“Dom José André Coimbra” de Patos de Minas.
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