Certamente todos sabemos que a quaresma é um tempo de penitência, de conversão e de preparação para a Páscoa. Neste tempo, são muitas as pessoas cristãs que ainda têm o costume de fazer penitência. Este costume está muito certo e concorda bem com o espírito deste tempo. Mas, a disposição certa para os cristãos fazerem as suas penitências só existe se houver, ao mesmo tempo, uma compreensão correta do que é o tempo da quaresma.
A quaresma começa na quarta-feira de cinzas, durando quarenta dias, e termina na quinta-feira santa, primeiro dia do Tríduo Pascal. O Tríduo Pascal termina no Domingo da Ressurreição e tem como centro o Sábado Santo, em que se rememora toda a História da Salvação por meio de várias leituras. O objetivo principal da quaresma é a preparação para a Páscoa, que é o mistério central da vida cristã.
Páscoa significa “passagem”. A páscoa que os cristãos celebram está relacionada com a páscoa dos judeus (cf. Ex 12,1-14). Com a vinda de Cristo, a páscoa dos judeus ganhou novo significado. Agora não há mais carneiros como vítimas (Hb 9,12), mas é o próprio Filho de Deus que é imolado por nós. Este é o acontecimento central de nossa fé: o Filho de Deus se entregou na cruz para resgatar a todos do pecado. Assim, a Páscoa - Paixão, morte e ressurreição de Jesus - é o centro da fé cristã e, por isso, necessita de uma boa preparação.
A páscoa é o tempo primordial do ano litúrgico. O ano litúrgico é um círculo no qual temos a oportunidade de recordar todo o mistério da salvação. Temos cinco tempos no ano litúrgico: Advento, Natal, Tempo comum, Quaresma e Páscoa. Ao Advento segue-se o Natal e à quaresma segue-se a Páscoa; o tempo comum preenche o espaço que sobra entre estes tempos. É importante saber que ambos estão estritamente ligados. Eles têm como fim tornar presente a salvação trazida por Cristo, que é mais especificamente celebrada na Páscoa. Neste sentido, a quaresma tem um papel muito importante dentro do ano litúrgico, pois a sua função é levar os cristãos a prepararem bem para a principal celebração de nossa fé: a Páscoa.
Quaresma é então um tempo de penitência, conversão e de preparação para a Páscoa do Senhor. A penitência pode ser feita principalmente por três meios tradicionalmente vividos na Igreja: o jejum, a oração e a esmola. Não quer dizer que é somente este o tempo de se fazer estas práticas penitenciais. Este é um momento oportuno oferecido pela Igreja para que possamos exercitar nosso crescimento e conversão em três dimensões fundamentais do ser humano: A relação com Deus, a relação com o próximo e a relação consigo mesmo (CIC 1434).
Que a quaresma seja aproveitada como um momento importante para a Penitência, a conversão e a oração! Mas também é importante aos cristãos reconhecermos que não é somente no tempo da quaresma que precisamos fazer penitência e nos converter. Isso porque a Páscoa não acontece somente no tempo pascal, ela é prolongada e celebrada durante todo o ano litúrgico, especialmente pela celebração da Santa Missa. A Divisão do ano litúrgico em tempos é para que possamos celebrar melhor os mistérios da nossa fé - Paixão, morte e ressurreição de Jesus. Na verdade, para Deus não há tempo, mas nós vivemos no tempo até o dia em que viveremos em outra realidade junto de Deus. Assim, aproveitar bem o tempo que temos é participar já agora, enquanto peregrinamos na terra, desta vida que todos aspiramos no Céu: a vida eterna.
José Antônio Ramos (seminarista do 4º ano de Teologia do Seminário Maior “Dom José André Coimbra” da Diocese de Patos de Minas.)
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