No dia dos namorados que se comemora no dia 12 de junho, vemos varias declarações de amor nos meios de comunicações. Por isso perguntamos o que o amor? Não podemos dar ao amor uma explicação formal. Pode se dizer que é inexplicável por natureza. Mas, podemos dizer que é o encontro, mais estreito possível, de um “Eu” e um “Tu”. Todo ser humano está a procura de um “Tu”. Quando o encontra, jorra a chama do amor na alma de cada um e então ambos são levados a construir projeto comum de existência. Para que a relação “Eu - Tu” seja autentica, o “Eu” deve sempre esquecer-se para pensar no “Tu”. Aplicar isso a vida do casal de namorados, de noivos, estará, antes de tudo, preocupado com o outro, mais do que consigo mesmo. Amor é o mesmo que oblatividade. A palavra oblatividade é, portanto, oferenda de si ao outro. Ela leva uma conduta generosa, altruísta, na qual a pessoa se apaga, ama; é o amor desinteressado e gratuito.
Os namorados precisam do amor puro um do outro. Precisam, antes e acima de tudo, ser amigos, grandes amigos, verdadeiros amigos, com tudo aquilo que a amizade comporta. Pena que muitas vezes não é assim. Namorar, namoro e namorados vêm de “enamorar”. Este é um verbo interessantíssimo.
A palavra é en + amor + ar. A raiz e o centro é o amor. Este amor está precedido da partícula grega “em”, que indica ação de envolver. Portanto, enamorar é envolver o outro em amor, em um amor puro, desinteressado. Namorados são aqueles que “se enamoram” que se envolve um ao outro neste amor. Tanto rapazes como moças mudam radicalmente quando começam um verdadeiro namoro. Porque o amor verdadeiro traz o segredo da transformação: o amor. No namoro verdadeiro um envolve o outro no amor e isso muda, corrige, amadurece, faz crescer, transforma.
O enamorar não pode ser apenas para o tempo de namoro e noivado. Ele precisa adentrar no casamento. Os casados precisam ser eternos namorados. Mas isso não é só romantismo. Isso precisa ser realidade. No casamento os dois precisam de um continuo envolver-se no amor.
Assim, chega- se ao tempo de namoro, tempo de conhecimento, de preparação para a vida matrimonial; Não é tempo de “curtição”. Muitos casais de namorados não conversam mais sobre suas pessoas, seus ideais, seus projetos de vida, de suas dificuldades! Namoro é um tempo de mútuo conhecimento de caminhada de preparação para a vida matrimonial, a fim de formar uma família. Se o namoro não tiver essa finalidade, então não é verdadeiramente um namoro cristão.
Quantos namorados e namoradas dizem: Depois de casado eu vou mudá-la. Depois de casada, eu vou dar um jeito nele. Ele vai mudar! Sim, com certeza e uma pura ilusão! Ilusão que já levou ao fracasso de muitos casamentos e ao sofrimento de muitas famílias.
O namoro é escola, é uma faculdade para preparar o casal de namorados para a vida matrimonial. É no casamento que homens e mulheres realizam-se à imagem e semelhança de Deus que é amor; é no casamento que eles se tornam fecundos à imagem e semelhança de Deus e povoam o mundo de filhos. É na família que marido, mulher e filhos se põem num contínuo treinamento de enamora-se; nela acontece, por excelência, a imagem e a semelhança de Deus amor.
A vida do homem e da mulher, vivendo juntos no amor recíproco que os faz crescer e multiplicar (Gn.1,28), é um belo desígnio de Deu, que quis fazer do casal humano a fonte da vida. Sem respeitar esse projeto de Deus, jamais o homem, a mulher e a humanidade serão felizes. Somente quem criou o homem pode dizer como ele deve viver; ninguém mais. Mas para que tudo isso aconteça bem, para que cada homem e cada mulher vivam esta realidade, é preciso que sejam saudáveis em sua afetividade e em sua sexualidade, pois por meio dessas faculdades passará a estrada do amor e da vida.
Portanto, para amar de verdade e construir o outro, eu preciso ser livre, não escavo de mim mesmo e de minhas paixões. Se a afetividade e a sexualidade forem desordenadas no jovem, o seu namoro não poderá ser feliz, pois haverá muitos problemas. Corre-se o risco de fazer dele não um tempo bonito de conhecer o outro e de crescer junto, mas uma aventura dominada e perdida no turbilhão das paixões, com muitos riscos e muitas destruições.
Padre José Luís de Araújo Paiva
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