terça-feira, 16 de abril de 2013

Como Está o Crescimento de Vocações no País?

Padre Paulo Batista Borges Responde.

1) Há um crescimento no número de seminaristas no Brasil?

    R. Apesar da queda no total de católicos no país, o número de jovens que seguem a vocação de sacerdócio tem aumentado. O Censo Anual da Igreja Católica no Brasil, também de 2010, indica que, no mesmo período, o número de padres ordenados saltou de 16.772 padres para cerca de 22.119 mil. Atualmente, o país tem mais de 8 mil seminaristas e os jovens que procuram pelo seminário reflete uma busca “autêntica” dos jovens atuais. Vocações sempre existiram, as vezes faltava uma pastoral mais motivadora e dinâmica, que fosse ao encontro dos jovens em sua realidade, ou seja, aonde eles se encontram. Isso tem acontecido no Brasil, prova dessa realidade são os Congressos Vocacionais que já aconteceu a III edição em 2010. Apesar do aumento, o Brasil ainda tem um déficit de 20 mil padres em relação ao número de locais de atendimento religioso. Segundo o padre José Carlos Pereira, analista do censo católico, o principal problema é a distribuição de sacerdotes no país. Segundo CERIS, em 2000 havia pouco mais de 169 milhões de habitantes e para cada sacerdote eram 10.123,97 habitantes. Dez anos depois havia aproximadamente 190 milhões de habitantes e cada sacerdote teria o número de 8.624,97 habitantes.

2) A maior parte deles chegar a se ordenar?

    R. O percentual de ordenações varia muito de turma para turma. Atualmente com a criação do ano propedêutico, a desistência tem diminuído, mas creio que ordena uma média de 50%. O maior número de desistência está centrado nos anos iniciais, principalmente no Propedêutico e primeiro de filosofia, por ser períodos de adaptações. Outro momento que acontecem várias desistências é a passagem da filosofia para a teologia.

3) Na década de 1960 houve uma queda nas vocações. Que fato causou isso?

    R. Esta é uma pergunta que requer uma análise profunda para não dar uma resposta demasiada simplista. Mas, podemos de modo superficial dizer que nesta década, no período pós-conciliar, houve má interpretação do Concílio Vaticano II, portanto, com a pseudo compreensão de inserção da vocação sacerdotal e consagrada levou muitos a um socialismo religioso, perdendo assim o real sentido de evangelização e missão. O ministério presbiteral e vida consagrada envolveram-se em questões sociais em detrimento do religioso/espiritual, e assim perderam o sentido da consagração a Deus e à Igreja, povo de Deus.

    A vocação aos diversos ministérios na Igreja somente tem sentido e se sustenta se for por “Cristo e somente por Ele” e n'Ele ao povo, por quem Ele deu a Vida. Não quero dizer que os ministros de Cristo e a Vida Consagrada não deve ir aos pobres e aos excluídos da sociedade, mas ao faze-lo ter Cristo como guia, pois é para isto que se consagra, sem deixar de ser sinal, de viver a profunda comunhão com o Senhor, na Palavra, na Eucaristia, nos sacramentos e na oração.

4) Houve um aumento de quanto (%) de 1960 para a década de 1990?

    R. Nas décadas de 60 a 70 houve grande diminuição, já na década de 80 uma estabilização e um crescimento lento, já na década de 90 as vocações aumentaram mais ligeiramente, e hoje, podemos falar de um aumento de 12% segundo pesquisas do CERIS. Esse aumento é medido pelo número de padres atualmente no Brasil.

5) O seminário da arquidiocese de BH, que completa 90 anos, forma 6 padres por ano. Essa é a tendência das casas de formação no país?

    R. Essa realidade é bastante relativa no Brasil, uma vez que cada diocese é uma realidade vocacional bastante diversa. Por ex. Brasília, onde morei até dezembro do ano de 2012, ordena ao ano faixa de 10 a 15 padres diocesanos, se bem que Brasília possui uma realidade atípica, pois tem dois seminários diocesanos. Outras dioceses dependendo do número de fiéis segue esse ritmo, mas outras passam anos sem ordenar um sacerdote. São Paulo e Rio de Janeiro ordena um número maior que 6.

6) Quantos seminários há no país?

    R.O número de seminários no Brasil tem aumentado, na última década foram criados muitos seminários diocesanos, bem como religiosos. Embora, muitos tenham sido fechados, o número aumentou. É difícil precisar, pois o cadastro de seminários, embora tenha sido atualizado o ano passado, nunca é exato, pois sempre alguns ficam sem se cadastrar, mas posso afirmar um número aproximado de 473 seminários no cadastro da OSIB (Organização dos Seminários e Institutos da Igreja no Brasil).

7) Há um decréscimo na formação de freiras? O senhor teria estatísticas em relação às vocações femininas?

    R. Houve um decréscimo no número de religiosas nas Congregações Católicas mais tradicionais, no período pós-conciliar, porém, há um crescente número de vocações nas Novas Congregações fundadas recentemente. As Congregações vivem um período de profundas mutações culturais, denominada por muitos como modernidade e por outros já como pós-modernidade, que influenciam não só a sociedade como tal, mas a vivência das diversas formas de religiosidade. Algumas Congregações têm encontrado dificuldade para continuar em determinados serviços e ministérios por falta de membros. Mas, temos Congregações com bom número de vocacionados e vocacionadas.

    Vejamos a evolução do número de religiosas no Brasil: 1961 tinham 35.039 religiosas professas e noviças, em 2010 o Brasil contava com 33.386. houve uma ligeira queda de 1961 para 2010, embora em 1969 houvesse 41.860 e em 2008 33.333, isso mostra que de 2008 para 2010 houve um crescimento de 0,16%. Esses dados estão contido em pesquisas do CERIS.

    "Eis que venho ó Deus, com prazer, fazer a vossa vontade" (Cf. Hb 10, 7)

Padre Paulo Batista Borges
Pároco da Paróquia São Sebastião - Uruaçu/GO
(62) 3357-1168

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